O Rio Guadiana

 

              O rio Guadiana nasce a uma altitude de cerca de 1700 m, junto às Lagunas de La Ruidera, na província espanhola de Cuidad Real, renasce nos Ojos del Guadiana e desagua no oceano Atlântico, entre a cidade de Vila Real de Santo António e Ayamonte (Espanha), tem um curso de 829 km e é navegável nos últimos 68 Km, de Mértola até a foz, variando a sua largura entre 100 e os 500 metros e a sua bacia hidrográfica tem uma área de 66.800 km², em território português corresponde a 17 % e no espanhol a 83 %. O efeito da maré faz-se sentir até às Azenhas de Mértola, a cerca de 70 Km da foz. Todavia, considera-se apenas como estuário a zona entre a foz e o Pomarão, tem como principais afluentes em Portugal na margem esquerda, o Ardila e o Chança e na margem direita o Caia,  o Lucefécit, Degege,  Terges e Cobres, Oeiras, Carreiras, Vascão e Odeleite.

              O rio apresenta uma fauna piscícola extremamente variada. No Guadiana e seus afluentes, existem cerca de 24 espécies de peixes de água doce e migradores, dos quais nove são endemismos ibéricos, estando quatro restringidos à bacia hidrográfica do Guadiana. Este é o caso do saramugo, da boga-do-Guadiana, do barbo-de-cabeça-pequena e do barbo-de-steindachner. O Guadiana foi também o último rio português onde o solho ou esturjão se fez representar, tendo os últimos exemplares sido capturados nos finais dos anos setenta. O solho, de tão notável, chegou a ser retratado nas moedas cunhadas em Mértola no século I a. C. Entre os outros peixes migradores, ainda se pode encontrar a lampreia e a saboga, enquanto o sável está em perigo de extinção. Todos estes aspetos contribuem para que a bacia hidrográfica do Guadiana seja considerada a mais importante em Portugal
para a conservação da ictiofauna de águas interiores.